2 May 2019 Banimentos de sacos plásticos podem reduzir gases tóxicos

A queima do plástico cheira muito mal. E também causa aquela sensação de que você vai sufocar — o que não deveria ser uma surpresa quando lembramos que o plástico é feito basicamente de petróleo e, ao ser queimado, libera gases tóxicos.

Reportagem

A queima do plástico cheira muito mal. E também causa aquela sensação de que você vai sufocar — o que não deveria ser uma surpresa quando lembramos que o plástico é feito basicamente de petróleo e, ao ser queimado, libera gases tóxicos.

A incineração de resíduos plásticos a céu aberto é uma das principais fontes de poluição do ar. Em torno de 12% da maior parte dos resíduos sólidos municipais é feita de plástico, de um tipo ou de outro, e 40% de todo o lixo do mundo é queimado, de acordo com o estuado Poluentes tóxicos do Lixo Plástico — Uma Revisão.

As proibições de sacolas plásticas recém-anunciadas pela Tanzânia e pela Zâmbia, na sequência de interdições no Quênia e Ruanda, são boas notícias também para a luta contra poluição do ar, uma vez que parte significativa do lixo da África acaba em chamas.

“Essa é uma novidade tão positiva e espero que mais países na África e no mundo sigam o exemplo em abandonar os plásticos descartáveis”, afirma James Wakibia, um proeminente ativista que lutou pela interdição das sacolas plásticas no ano passado, no Quênia. “É triste que a proibição de Uganda não esteja funcionando”, lamenta.

A queima de plásticos libera gases tóxicos na atmosfera, como dioxinas, furanos, mercúrio e bifenilos policlorados (mais conhecidos pela sigla PCB), e representa uma ameaça à vegetação e à saúde humana e animal.

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A fumaça da queima de lixo subindo no aterro de Dandora em Nairóbi. O banimento de sacos plásticos do Quênia reduziu a quantidade de lixo plástico que acaba aqui, mas ainda restam muitos. Foto de James Wakibia.

As dioxinas se depositam em plantações e em nossos cursos d’água, onde acabam entrando em nossos alimentos e, consequentemente, em nossos corpos. Essas dioxinas são poluentes orgânicos persistentes e potencialmente letais, que podem causar câncer e prejudicar a tireoide e o sistema respiratório.

Os ftalatos — substâncias químicas que dão ao plástico algumas de suas características mais apreciadas, como flexibilidade e suavidade — são disruptores endócrinos, associados a uma variedade de complicações de saúde, desde problemas de fertilidade e problemas neonatais entre bebês até alergias e tipos de asma.

“A queima do lixo plástico aumenta o risco de doenças cardíacas, agrava doenças respiratórias, como asma e enfisema, causa irritações na pele, náusea e dores de cabeça, e prejudica o sistema nervoso”, afirma o estudo.

A queima de plástico também libera o carbono negro, sob a forma de fuligem, que contribui com as mudanças climáticas e a poluição do ar.

Em todo o mundo, esforços estão sendo feitos para reduzir a quantidade de lixo plástico que acaba em aterros sanitários ou em nossos oceanos. Em março de 2019, a União Europeia aprovou uma lei para proibir até 2021 muitos itens de plástico descartável, como os talheres de plástico, pratos descartáveis, canudos e bastonetes de balões.

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Pássaros competem por espaço com sacos plásticas voando sobre o aterro de Dandora em Nairóbi, Quênia. Foto de James Wakibia.

“O plástico que não pode ser reciclado deve deixar de ser fabricado”, defende Wakibia.

“Não faz sentido realmente fabricar produtos cujo valor é medido em minutos e que persistem por uma eternidade sem se degradar. Estamos matando o planeta com a nossa ganância de obter lucro sem cuidado. Queimar plástico contribui bastante com a poluição do ar, e as pessoas que vivem perto dos lixões e as que trabalham lá estão em grande risco de desenvolver doenças respiratórias e câncer.”

Em março de 2019, a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente aprovou uma resolução chamada Enfrentando a poluição por produtos plásticos descartáveis. A medida encoraja governos e o setor privado a promover um design, produção, uso e gestão que sejam mais eficientes em recursos, considerando o plástico em todo o seu ciclo de vida.

O texto também chama Estados-membros a “tomar ações abrangentes quanto aos produtos descartáveis de plástico, a fim de lidar com o lixo, quando for apropriado, por meio de legislação, implementação de acordos internacionais, fornecimento da infraestrutura adequada de gestão de resíduos, melhoria das práticas de gestão de resíduos e apoio à minimização dos resíduos”.

A poluição do ar é tema do Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano, celebrado em 5 de junho. A qualidade do ar que respiramos depende das escolhas que fazemos todos os dias. Saiba mais sobre como a poluição do ar afeta você e o que está sendo feito para limpar o ar. O que você está fazendo para reduzir a pegada das suas emissões? Compartilhe as suas ações com a hashtag #BeatAirPollution. As celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente 2019 serão sediadas pela China

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